sexta-feira, julho 09, 2004

No dia 24 de Abril do Ano de 1974


   Neste dia, e no Ano 2004, o meu amigo Food-i-do, se bem me recordo, colocava um post no seu célere blog em que aconselhava a todos descreverem como o que teriam passado...

   Fiquei, comovido com a forma de como o recordou a SM - Perestroika, mas pela minha parte, propositadamente ou não, contrariei-o, até talvez por não querer escrever somente porque o tinha passado contigo, mas hoje, já que estamos em hora de recordações, o que eu acho salutar, aqui vai;

   Nada de comovente, somente porque o passei entre muitas noites contigo, esta foi uma delas;

   - Tinha o hábito, que ainda hoje eu dou continuidade, no começo de cada viagem de Lisboa para o Porto ir á ainda hoje histórica casa da Ginjinha, nas portas de S. Antão, pegavas num copo com elas ou sem, e encostavas-te cá fora com um perna encolhida que encostavas vagarosamente á parede, como que a dizer, ora vamos daqui para casa; Eu, ficava a observar-te e observava os que passavam, já a noite estava em pleno e finalizava o dia 24 de mês de Abril do Ano de 1974;

   - Reparei que dentro da pequena casa, estavam uns dois ou três homens, a barafustar por coisa nenhuma, e eu não entendia; hoje penso que seria fruto talvez do excesso do alcool; Tu após teres acabado a tua bebida, entras-te novamente para recolocar o copo no balcão dizendo o teu habitual e característico Obrigado, Boa Noite; Viras-te para o mais gordo de todos e disses-te num tom de repulsa;

   Deixem de chatear, Se fossem dormir, é que vocês faziam bem; agora estar aqui a dar agua sem caneco...
Vão dormir, sabem lá o dia de amanhã...

   E sem esperar resposta, pagou e veio-se embora;

   Pelo caminho, eu já nessa altura tinha a "mania" dos arranjos de rádios em andamento, e como estava no inicio da minha carreira de electricista-on-road pura e simplesmente estourei com o raio do rádio, logo não tivemos noticias nem musica, ( nem MU nem MÉ) durante todo o caminho; Mas estranhava-mos, ao ver tanques pela noite dentro a cruzarem-se connosco, pessoas em pijama na rua com cara de curiosos, lembro-me de uma senhora em camisa de dormir muito gorda, que nessa altura foi a Marisa Cruz dos nossos dias, grande novidade para mim... : );

   Ao chegar a casa, já de manhã, a minha Mãe disse, ainda bem que chegaram, estava tão preocupada; Foi então que o Meu Pai ficou a saber e a entender o sucedido e ficou intrigado lembrando-se da afirmação que tinha dito ao Homem gordo na Ginjinha em Lisboa;

   Mais tarde disseste-me assim, Sabes, aquele gordo com quem falei ?, quem era ? Eu, sem perceber nada do que estava a acontecer, fiquei simplesmente admirado com os tanques que passavam, respondi-te: Não!!!.

   Era o Nicolau Breyner.
(mais tarde apareceu o Sr. Contente e o Sr. Feliz, quando o Herman se dava bem com o Nicolau, e eu reconheci-o)

   Assim passei a minha Noite de 24 para 25 de Abril de 1974, como sempre, contigo.

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