quinta-feira, fevereiro 26, 2004

segunda-feira, 25, 26 de Fevereiro de 2004

Ás 16.15 do dia 25 na A64 sentido Bayone - Toulouse ao km. 16 a Mercedes Actros 1840 que me tem ajudado nas entregas e dado guarita nestes últimos 12 meses; - O motor Parou; quer dizer foi-se, fodeu-se, berrou, deu o peido.
No dia 25 pela manhã já tinha sentido o barulho estranho, andei a sondar e espreitar, podiam ser as serpentinas do colector, qualquer abraçadeira solta ou mesmo partida, hum! Fiquei preocupado; ( estou a beber um sumo de manga, hum; esta a saber-me tão bem, queres ? ), depois do almoço pelas alturas dos pirineus espanhóis, fui a uma oficina para me darem uma opinião do que seria, disseram-me o que pensava de manhã, serpentinas ou abraçadeira solta, e até me admirei de me terem dado uma opinião ou até mesmo irem ao lado do camião, porque há uns 4 anos atras tive um problema em Benavente e como disse que era uma opinião, perguntaram-me se tinha visa ou mastercard ?;
Lá passei a fronteira de Handeye, sempre atento ao barulho que por mim começou a aumentar, cheguei a área de serviço de Bidarte, o que seria suposto almoçar virou levantar cabina e procurar o problema neste caso for exterior, em outro caso será impensável eu resolver; - Existe muito motorista que nem levantar a cabina o faz, nem mudar pneus, isso depende da empresa, em Portugal a nossa profissão esta bastante degradada tanto em falta de profissionalismo a nível operário como administrativo, se bem que da minha parte eu não me posso queixar, antes pelo contrario, faço o que estiver ao meu alcance se vir que não dou saída tenho um telefone a minha frente para fazer chamadas, e tem resultado.- Ah! O levantar a cabina, o.k. Não vi nada, e telefonei ao Óleo Fula, mandou andar a ver se o barulho aumentava, para ir vendo, percebes !?!, o "ir vendo" somente durou 20 km, deu semelhante estouro em plena auto estrada, e o meu colega que vinha atrás disse via rádio: - Estás a perder peças pelo caminho e agora óleo, vê se aguentas até a próxima área; Eu?! Próxima área ?, fiquei ali mesmo, um camião quando avaria, avaria nunca se pode contrariar, se o fizer-mos ele depois vai-se vingar na conta do concerto, e olhem que não é meigo.
E pronto, telefone, policia de transito, um policia era Português, chamar reboque, fui rebocado para a oficina do Mr. Robert, velho e marcado pela vida, ficou-me com os documentos para dormir descansado, assim sabe que não desapareço, e, estou aqui a 66 km de Bayone, na vila de Orthez, estou lateral a auto-estrada e vejo-os passar, quando não vejo, faço o almoço e jantar, quando não faço isso durmo e ao mesmo tempo estou a guardar a oficina, mas que raio, nem um café aqui perto, ainda dizem que "lá fora é que é bom", avariei no dia 24 e neste momento estamos no dia 26 e são 4.25 da manhã, não tenho sono, estou farto de dormir, aborrecido, dói-me a cabeça, o raio da bicicleta e dos patins, tirei os da camioneta a viagem passada, para dar uma volta com a família mas não voltei a meter, enfim!
Tiraaaaaaaaaaaaaaaaa-mmmmmmeeeee, daqui.
Estou a aguardar que chegue um camião com outro tractor em cima, procedente de Portugal, para substituir, até quero ver o mamarracho que tinha para lá encostado que me vou trazer, a única coisa que peço é que tenha menos de 600.000 klms e que a chaufagem adicional funcione toda a noite.
O Hernani, emprestou-me uns quantos dvd's para ir vendo na viagem, ( agora com o meu intel-inside, já estou mais sofisticado ) só me falta ver 1, pudera! Com este tempo todo de seca e com o frio que está, não há nada melhor do que um filme.
Farto de estar a "guardar a oficina" resolvi dar uma caminhada, andei uns 20 minutos e deparei com uma rotunda que dizia " roun-point du Portugal" aqui é uma zona de grande comunidade Portuguesa, viste algum ? andam ocupados com a vida...

Continuando o meu percurso pedante, dediquei a seguir as linhas nos postes de telefone, no caso de algum ter um fio folgadamente pendurado, eu tinha Internet na certa, isso vos garanto.
Vou ficar por aqui, a luz esta a falhar e para poupar, porque a cafeteira está a ficar sem bateria e, com este andamento fico sem aquecimento interior também.
Merda, porque não ?
Sim, Merda, até vem no dicionário e tudo, até pareço o Altino, quando dizia num dos seus post; Foda-se, porque não.
Por motivos de energia foi forçado a ter sono, desliguei tudo e simplesmente deitei-me.
Ás 6 da matina tinha visitas, a camioneta para substituir, uma Renault AE 390, com 790.000 km, mas fiquei a saber que vinha de uma única mão, ou seja somente um motorista a conduziu, isso conta bastante para estar bem, bem ou mal depende do estilo de condução, mas vim a saber que era do "encarregado" da empresa, o Silva, tem imagem de saber o que faz, das poucas vezes que conversamos demonstrou que tem uma personalidade humilde e ao mesmo tempo consegue tapar a perspicácia de não se deixar enganar assim em dois tempos, passa perfeitamente pelos menos atentos, mas acima de tudo é uma pessoa que se pode acompanhar, consegue ter um dialogo construtivo e não se mete em alhadas nem goladas, o que eu chamo de boa pessoa.
Já tinha previamente colocado algumas das meus objectos pessoais no reboque, tinha espaço a trás e foi adiantando enquanto esperava, foi chegar e passar algumas roupas para o outro camião, conversamos um pouco, o normal do decorrer da viagem deles, pois vinham dois, porque até ao sitio onde me encontrava por motivos de horário nos discos, somente um não conseguia chegar sem que tivesse de fazer um descanso pelo meio no mínimo de 9 horas, ora isso ia atrasar imenso, o patraozinho pensou e bem, enviar dois, pronto assunto resolvido.
Lá arranquei eu ás 7.15 em direcção a Itália, destino da cidade: ASTI, a terra do famoso champanhe Italiano, logo nos primeiros kms apercebi-me que esta camioneta andava como as outras em plano e a subir puxava lindamente, que diferença, que raio de cafeteira eu andava, coitada da minha Mercedes.

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